domingo, 24 de julho de 2011

Duas adagas

Um pequeno traço cortava o céu, possuía o formato de uma adaga. Seus olhos azuis estavam levemente fechados devido à luz solar, e na sua imaginação havia uma batalha entre guerreiros medievais. O zunido que o vento fazia, parecia alguma chanson diminuindo e aumentando à cada segundo. Do seu lado direito havia um livro de bolso, do lado esquerdo um moletom, desnecessário para aquela tarde, e um violão. Aos vinte anos de idade não sabia o que seria do seu futuro, não sentia saudade, não amava, não queria movimento, buscava algo desconhecido. Uma camiseta vermelha, desbotada e com a face de “El Che”. Não concordava com os pensamentos dos seus familiares, não aceitava as atitudes da maioria dos seres humanos. Na sua imaginação, a adaga era a sua voz, lutava contra os capitalistas, terminava com as diferenças e ao seu lado havia uma moça.
Uma aflição dentro do peito. Uma tristeza no olhar. Uma escolha escondida. Desapego ao ter carinho. L’amour.
Os seus heróis eram personagens criadas em um paradigma pessoal. Não era covarde, não era ocioso.
Talvez fosse mais corajoso do que imaginavam. Talvez soubesse o que procurava. Era dois dentro de um. Era pergunta ao ser resposta.