segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Segundo

Eu te esperava todo dia,
às 17h eu tomava um chá
de maçã com canela,
e lembrava que você
preferia o de hortelã, sem açúcar,
mas sempre bebia um pouco
do meu que era mais doce
do que calda de pudim
e reclamava,
chamava-me Doce
ao olhar pela janela,
e ver que as crianças
saíam das escolas, e
iam para casa assistir
a parte final do desenho
animado;
você era animado.
Eu lembrava, todo dia,
que sentava do seu lado,
e você com aquele jeito de
Ricardito do Llosa
me encantava,
depois beijava as minhas
mãos gélidas, e dizia que
o meu hidratante era um dos
sete pecados, e
eu te chamava de bom menino,
mas nunca fui a Lily.
Eu sentia um vazio
que lembrava, outra vez,
quão indefinível é o
amor.

Primeiro


Eu queria te escrever algo bonito, 
você deu literatura ao meu coração,
eu queria te dar um poema que
ficasse no seu criado-mudo 
para que lesse antes de dormir
e ao acordar
pensaria em mim e
no tamanho do meu amor.
Eu queria te dar palavras,
mas te retribuí com silêncio,
o mesmo silêncio
que me deu ao tirar de mim
a literatura que
havia…