domingo, 31 de março de 2013

Primeiro para Marcella ou "Mars"


Eu queria revolucionar concepções alheias e poder eternizar algumas
percepções que surgiam entre colóquios enérgicos & teorias veementes;
eu me perdia entre pessoas que pareciam marionetes paradoxais
e não sabia o que fazer quando sentia nostalgia de algo incógnito.
Eu era só um comunista extraviado do seu grupo e estava sendo exterminado,
pelo Reich hitlerista, durante o Holocausto; porém, sem perceber, fui resguardado;
eu estava preparado, mas não imaginava quando nem como aconteceria,
apenas senti alguém me guiar entre os meus medos mais obscuros.


Tinha sido uma noite sem fim e o frio já não causava mais impacto sobre mim;
então, na hora menos esperada, a encontrei fugindo sob um tempo deteriorado,
eu quis roubá-la para mim, mas antes de pensar em fazer isso,
me vi preso  no seu olhar nazista e incerto; eu não soltei as minhas amarras
e me dei por inteiro, levei junto as minhas dores, os meus medos e
toda a confusão que havia em mim.
Compartilhamos nossas verdades e nossos segredos,
conheci o seu lado mais belo e também descobri a sua face sombria.


Eu já havia caminhado pelo seu bairro, mas não havíamos nos cruzado;
e hoje, ao nascer do sol, eu já estava inexoravelmente apaixonado.
Sem saber se era um equívoco ou uma perversão, eu quis cometer,
porque eu tinha certeza que, em algum momento, nossos elementos
seriam apenas uma sinergia.


Eu poderia compor algumas canções e escrever alguns poemas
que demonstrassem o quanto a amava, mas não seria o bastante
para ela realmente conhecer os meus reais sentimentos;
eu poderia dedicar algumas músicas e até mandar flores,
em uma tarde nublada, mesmo assim não seria o suficiente;
então, tentando provar que estava literalmente na sua,
eu a guardei dentro do meu bolso esquerdo e
escrevi o seu nome no meu peito, mas eu sabia que ainda faltava algo,
por isso resolvi passar uma vida com ela e dar o seu nome
ao primeiro poema que escrevo sobre o meu amor.

quinta-feira, 21 de março de 2013

Existência simultânea não é para bitolados


Eu aprecio os momentos lúgubres e tenho grande estima pelas pessoas insanas; influências nocivas me agradam bastante e não suporto a falta de movimento. Permaneço em êxtase pelo entusiástico, frenético, impetuoso, enérgico & ainda mais pelo irreverente, adverso ao sistema, tóxico, libertino. Eu gosto da alteração de humor, aprecio a melancolia e depois prefiro a alegria, corro atrás do público e após me tranco em uma torre solitária; a satisfação em viver é imensa e o medo de não sobreviver às avalanches de sentidos dúbios é feroz. Procuro motins e companheiros para porres culturais; bebo poesia e muito mais. Curto o cara que usa jaqueta de couro e não me olha nos olhos, simpatizo com a moça que bebe cerveja no gargalo e sorri sem subterfúgios, gosto daqueles que não se intimidam com os preceitos da sociedade.
Não quero engravatados nem bochechas lisas, não suporto gente metódica, prefiro os anárquicos; eu gosto dos expansivos, dos que não têm covardia, eu não quero bitolados por perto. Quero, ao meu redor, gente de verdade, que se entrega, que não se vende; quero pessoas justas consigo mesmas, que não se importam com o que os outros pensam. Não quero que concordem comigo nem que aceitem tudo o que a mídia enfia nos nossos estômagos. As pessoas têm que agir por si, têm que viajar em seus pensamentos e jogar tudo para o alto. Não têm que se prender a rotinas nem criar rótulos. O certo é quebrar pela metade, é abandonar a realidade e viver na própria verdade. Afeiçoar-se e não obcecar-se. Aceitar que não se vive só de amor, sexo é fundamental e não precisa ser inocente.
Eu gosto de trambecar pela madrugada com um bando de loucos ao lado, cantar para Nix até o sol cumprimentar o horizonte e depois me entregar a Hipnos. Não gosto de relógios, não gosto de prazos nem de encontros marcados. Não faz diferença se não lembro o nome das pessoas que já passaram pela minha vida, não me importo se as fiz chorar ou sorrir. Eu gosto da sinergia do momento, eu vivo no presente e busco apenas o agora. Quero me embevecer com as surpresas que surgirem, quero o prazer da descoberta.
quem
disse
que
não
podemos
ser
alienados?
&
quem
no
fundo
bem
no fundo
não
é
um
pouco
louco?
Se for necessário, beberei um litro de uísque e, se preciso, fumarei um maço de cigarros; se algo me atrair, eu vou sem pestanejar, se eu enjoar, não vejo problema em deixar para trás. A vida segue e não tem piedade dos lânguidos; o tempo passa por cima de quem não se lança ao vento;
Eu experimento, crio, suporto, uso todos os verbos, porque é preciso soltar todas as amarras que nos prendem a esta esfera. Existe uma massa de zumbis que repete sempre o mesmo gesto, todos foram adestrados da mesma forma e não mudam os seus percursos. Dançam a mesma música e competem, entre si, para ver quem consegue ser o mais pacóvio.
Nem sempre é certo ser “correto”;
o mau nem sempre é do mal;
tudo é relativo.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Poema para Marcelino Gomes ou "Um Rimbaud brasílico"


Escrevo sobre um amigo poeta
que, ao norte, brinda estrofes
e concebe melodias cíclicas,
impressionando, os mais vetustos, por meio
da sua audácia com as palavras.

Um Rimbaud brasílico,
pasmando os anormais e
enlouquecendo os mais coerentes;
Brincando como Leminski
e nos envolvendo à sua chacota.

Escrevo sobre um amigo que,
usando da sua sensibilidade poética,
encontra as respostas para as suas perguntas
brutas, ou doces, ou cáusticas;
Escrevo sobre um promitente bardo.

Com um sorriso bucólico e um olhar intrigante,
resplandece toda poesia que há em seu interior;
Protegido por Bragi e acalentado por fadas,
cura suas dores e desamores, quando faz uso
das mais belas palavras.