sábado, 27 de abril de 2013

Berliner Mauer


eu tive um crush em você
de um jeito tão bestial
mas não queria ser clichê
e me tornei meio banal
que até o meu lado mais cruel
sabia exatamente como amar
a sua parte mais superficial
e agora o que fazer
se eu já não sei mais
como agir quando
estou sem você
então não fuja de mim
não me deixe querer
mais do que já quero
os seus mistérios
temporariamente sérios
porque eu quero ser
por outra vez
o seu poeta preferido
o comunista mais antigo
da sua Alemanha Oriental
o que sobrou do nosso Muro
jamais um ponto final
nessa história de um amor
apolítico e impudico
nessa história cáustica
nossa história bélica

terça-feira, 23 de abril de 2013

"escritor sem pudor"


meu amor
como é grande esse querer
que eu sinto ao sentir
o seu corpo inerte
deitar-se sobre o meu
que é tão cálido

meu bem
quero contar um segredo
que talvez a deixe com medo
eu sou sádico
e colecionador
eu coleciono a dor

as dores alheias
me tornaram um escritor
sem pudor
mas não tenha receio
eu só quero fazê-la
sofrer por amor

domingo, 21 de abril de 2013

Desabafo de uma boa moça


cansei de chorar por você. saí de casa e fui ao bar. mas o maior problema é que o rapaz mais belo do bar ainda é você – mesmo que esteja em casa. cansei de sofrer por você. cansei de lembrar de tudo aquilo que prometeu. você disse tantas palavras bonitas, mas não foi capaz de cumprir a metade dessas frases ditas. e eu tenho que admitir que, apesar de boa moça, eu não sou idiota nem tão ingênua. guarda esses galanteios baratos para outra, porque eu não sou mais a sua pequena.

sábado, 20 de abril de 2013

Um timbre doce e suave


observa o horizonte obscuro
com as pupilas dos seus olhos

um vasto nefasto horizonte
tão distante e soturno

não cintila nem contesta
o flautista em sua seresta

adormece ao som melodioso
e só resta o choro da flauta

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Eu lírico


eu escrevi algumas poesias
e dediquei a você
eu amei em melodias
e fiquei à mercê
eu fiz o que podia
mas não pude resolver

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Poema para o moreno que me fez chorar


procurei em outros bares
em copos cheios e depois vazios
em outros olhares e retratos
no supermercado e no cinema
na farmácia e no teatro
busquei em tantas ruas e becos
alguém que substituísse
a sua presença tão ausente
bati em tantas portas
mas só encontrei um vácuo e
beijos rudes que me faziam chorar
e borrar a maquiagem
me deixando tão vulgar

Mais um poema clichê


cansei de ser tão calma,
tão doce, serena e sua.
cansei de ser assim
tão pura, e fraca, e burra.
cansei de me doar a você
e ser uma poetisa clichê.
quero ser dura e não
esperar todas as noites
por alguém que nunca vem.

Destino


na biblioteca
havia um rapaz tão certo
com uma beleza franca
e um olhar tão esperto
lendo Florbela Espanca

sorriu para mim
com um ar libertino
até fiquei com vertigem
e culpei o destino