domingo, 26 de maio de 2013

Vinte e seis

não me peça para explicar
tudo o que há e não há
nem o que sobrou para recordar
porque você é a minha assassina
que apesar de me deixar
ainda jura me amar
com esse amor facínora

não pergunte o que não dá
para responder ou traduzir
não sou eu quem vai dizer
aquilo que não se pode exprimir

o que há em meus pensamentos
além da sua imagem em fragmentos?
o que restou em sua memória
sobre a nossa curta trajetória?

o que há nessas questões de amor
além de poucos argumentos?
o que existe de mim em você?!
pois há tanto de você em mim

fosse o nosso Eterno Retorno
ou fosse o fim dessa “guerra fria”
fosse você assim só para mim
ou a resolução de qualquer teoria
seria isto mais do que poesia?

quarta-feira, 15 de maio de 2013

O sofá amarelo que você me deu


diga-me o que passou pela
sua cabeça quando
resolveu partir
e me deixar abandonado
desolado e sentado neste sofá
amarelo e gasto
de amor

apenas eu e a minha
misantropia
atulhado de melancolia
sou isso que restou

você deve ter escrito
em algum pedaço de papel
coisas do tipo:

“tenho que partir. não quero mais fingir esse sentir tão oco. não vou mais me despir e deixar você exigir esse nada que eu tenho a oferecer.”

depois rasgou e jogou fora.

preferiu mentir
como subterfúgio
e me iludir
como escapatória
e deixou de ser o meu refúgio
se tornando apenas uma parte
da minha história

“eu não sou bom com o amor”


“eu não sou bom com o amor”
“eu me dou bem com as palavras”
esses são os clichês de um escritor
só que na verdade
nunca fui bom com sentimentos
eu tenho alguns dentro de mim
mas os levo presos na garganta
e os dissimulo com um pouco de ilusão etílica

então acabo escrevendo sobre mulheres
­– que sequer conheci – para afagar o meu próprio ego

realmente
eu nunca fui bom com o amor

eu experimentei algumas vezes
e até gostei por um certo tempo
mas com o passar dos meses
a velocidade do vento
apressadamente
agravava
daí se fez ventania e partiu

de partidas
eu entendo
nelas
eu encontro a dor

e aí surge a dúvida:
eu não sou bom com o amor ou amor não é bom comigo?