veja esta
moça que observa – pela janela – a sua história
a moça que
não esquece o engano que o tempo – senhor do fado – gerou
esta derreada
moça que examina o seu passado em sua memória
e que não
olvida o desalento que no vento outrora encontrou
em seu
corpo ainda estão pregados os vestígios dos mistérios
que o
destino – tão cretino – assentou em seu perturbado caminho
e ainda
fez da sua trajetória uma composição de escárnios
transformando-a
em um cálice farto do mais adstringente vinho
veja nela
o retrato abstrato de um concerto insano em moscou
que em uma
fotografia derrocada das suas teorias desatinadas
a imagem
em preto e branco do seu intelecto em seu aspecto sobejou
porém não se
esqueça de apresentar-se com maneiras requintadas
pois ela
traz consigo a suntuosidade das mulheres da belle époque
então converse
com ela e a emocione com pronunciações quiméricas
para que
seja possível naufragar nestes olhos com lágrimas em estoque
e
compreender sua personalidade lúgubre em pessoais efígies coléricas
ao fim não
se esqueça de resguardar os bongôs que ela deixar pelo caminho
e quando
ao longe observá-la contestando a sempiterna orbe capitalista
ou
enamorando-se por poetas utópicos aos versos repletos de neblinas
recorde-se
das duas poetisas que nesta época encontrou:
o ângulo bizarro
de ginsberg
a
faceta libertina de rimbaud