segunda-feira, 2 de março de 2020

primeiro sobre evaristo

fui ao supermercado mais cedo do que
normalmente costumo ir e talvez essa tenha
sido a primeira vitória do mês ou deste ano
eu comprei poucas coisas e uma garrafa d’água
que derrubei na metade do caminho do lado
de uma árvore que fica na esquina da minha casa
desperdicei cinquenta por cento daquele líquido
que eu poderia ter tomado mais tarde ou de manhã
antes de ingerir um comprimido de ibuprofeno
e depois de engolir – que é para não ficar engasgada
(mais do que já tenho estado – engasgada) – a fim de
curar minha garganta que segue meio dolorida
desde a semana passada (na verdade há uns três
ou quatro dias) depois de ter falado um monte
de bobagem – que para mim até faz sentido:
eu chorei quando meu gato se deitou ao meu lado
e me deixou acariciar sua barriga sem temor
em um ato de confiança que jamais havia visto
antes em toda a minha vida e depois talvez também
é que eu não confio e nunca vi alguém confiar assim
em mim de volta e de um jeito tão cheio de amor