terça-feira, 14 de maio de 2019

creme de mandioquinha

cozinhar também
é inventar poemas

terça-feira, 7 de maio de 2019

amor

honestamente
no meu peito sempre esteve presente o vórtice dos sentimentos
e a valentia de me atirar ao tramite estreito do precipício alheio
reconhecer-me em cada início de catástrofe nunca foi um pesadelo
esse desastre já nasceu com toda gente e vem de outro hemisfério
não inventaram para ser escárnio de uma multidão indiferente
não somaram aos anos malogrados nem sentenciaram corações
permitiram a licença poética a cada verso do sentir compartilhado
abriram os portões das terras a serem desbravadas por todas e todos
sem designar autoridades ou determinar protótipos ou dar desculpas


é verdade
que no meu peito sempre esteve presente o vórtice dos sentimentos
e a valentia de vencer as mágoas e resguardar as memórias brandas
esquecer-me do dia triste do meu avô e de que neste mês fará um ano
foi mais difícil do que guardar todas as fotos dentro de cada livro
– e saiba que foi custoso deixar as fotos nos interiores dos livros –
na estante não há mão nem braço ou boca para tocar em outra
não há abraço ou respiração involuntária e lenta durante o sono
ao menos não há culpa como essa que ficou após a morte do vô
mas há os inventos e os pequenos pedaços de imagens cruas


de modo transcendente
no meu peito sempre esteve presente o vórtice dos sentimentos
e a valentia de ser e de saber amar
o amor