domingo, 6 de novembro de 2022

espero que um dia você seja madeira maciça ou nome de praça

a casa parecia cheia pela primeira vez:

os gatos, a york e os livros

na estante de madeira que comprei de

um marceneiro do interior das missões

 

do outro lado do quarteirão havia a

antiga residência do érico v.

nela luís f. v. descansava e talvez ainda

escrevesse notas curtas em um computador

 

érico, o marceneiro e eu:

todos em êxodo rural – das missões à capital

depois da terra vermelha, o lago marrom

(distante por trás de prédios cinzas) reluziu

 

porto alegre nos fez melhor

e cada um viveu seu amor

domingo, 24 de abril de 2022

trinta do nove

 de 1992 até aqui

 

não poderia ter a certeza de como seria a vida

e de todas as vezes que eu fugiria

talvez não seja um problema ser só

e saber socorrer quem pensa que tempo é descanso

 

quantos meses se perdem

em um ano?

 

 – tanta gente parada

a morrer –

 

então corro tão rápido

e por quê?

 

se as dores que ficam são minhas

e os amores que passam também

já não sei se o andar é tranquilo

ou se deus não existe outra vez

 

tenho deixado a fé para depois

(e os pirrônicos esquecidos ao lado)

são dias e noites de amor e de guerra

leio e releio e escrevo

 

os gatos por dentro e por fora

 

de 2022 até o dia em que nasci

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

beach baby (aquela música de quando entramos no mar)

recentemente pensei em ti

"beach baby" e kombucha de hibisco

meu mar aberto e tuas mãos molhadas

tranquilamente me vi aqui

comprando novos livros velhos

no sebo do centro — que te mostrei

talvez os leia no próximo ano e

quem sabe te veja também.


praça estado de israel, 30 de dezembro de 2021.