no
meu peito sempre esteve presente o vórtice dos sentimentos
e
a valentia de me atirar ao tramite estreito do precipício alheio
reconhecer-me
em cada início de catástrofe nunca foi um pesadelo
esse
desastre já nasceu com toda gente e vem de outro hemisfério
não
inventaram para ser escárnio de uma multidão indiferente
não
somaram aos anos malogrados nem sentenciaram corações
permitiram
a licença poética a cada verso do sentir compartilhado
abriram
os portões das terras a serem desbravadas por todas e todos
sem
designar autoridades ou determinar protótipos ou dar desculpas
é
verdade
que
no meu peito sempre esteve presente o vórtice dos sentimentos
e
a valentia de vencer as mágoas e resguardar as memórias brandas
esquecer-me
do dia triste do meu avô e de que neste mês fará um ano
foi
mais difícil do que guardar todas as fotos dentro de cada livro
–
e saiba que foi custoso deixar as fotos nos interiores dos livros –
na
estante não há mão nem braço ou boca para tocar em outra
não
há abraço ou respiração involuntária e lenta durante o sono
ao
menos não há culpa como essa que ficou após a morte do vô
mas
há os inventos e os pequenos pedaços de imagens cruas
de
modo transcendente
no
meu peito sempre esteve presente o vórtice dos sentimentos
e
a valentia de ser e de saber amar
o
amor
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