terça-feira, 20 de abril de 2010

Uma sala, uma fotografia e um café

- Já faz seis anos – disse ele.
- O tempo passou rápido – finalizou ela, pegando seu cachecol e saindo sem fechar a porta.
Na sala, permaneceu o silêncio e ele. Sentado, olhando para o chão, imóvel, com o braço direito apoiado na lateral da poltrona.

Enquanto os carros passavam pela rua e suas imagens refletiam nas vidraças das vitrines, ela caminhava apressadamente, com as mãos vermelhas e os lábios ressecados pelo frio. Parou um instante, seu semblante refletia uma imagem contraditória, continuou. Virando a esquina, entrou em um antigo edifício, cor de pêssego, de três andares. Subiu as escadas com calma, degrau por degrau. No último andar, um rapaz magro, de cabelos negros, sem pentear, rosto pálido e estatura mediana, a esperava encostado na porta.
- Mel, não imagina o tamanho da falta que senti – disse ele, olhando profundamente para os lábios dela. Ela o beijou.
- Não posso mais viver sem você, Gregório. Vamos embora para longe, só nós dois – sussurrou ela ao ouvido dele. Entraram e fecharam a porta.

Na sala, ele permanecia sentado, olhando uma fotografia, que atrás estava escrito “Melissa e Vicente”, dentro de um coração. Na foto, o casal representava o típico amor juvenil, primeiro romance, primeiro namoro...
Levantou-se, foi até a cozinha e preparou um café, quente e amargo, para sentir no estômago o fim de um relacionamento. Voltou para a sala, pegou um livro, sentou-se em sua poltrona e começou a ler.

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