As estrelas que eclodiam em uma
noite enluarada
Tornavam-se tochas de fogo que
Por mais distantes
Aqueciam os corações gelados
Que derretiam como as geleiras de El
Calafate
A bela Porto Alegre
Dormia
Em revoluções esquecidas
Despedidas frustradas
Dúvidas acerca do tempo
E todos permaneciam tolos
No despertar dos oprimidos
Que imploravam liberdade de
expressão
O metabolismo ainda era lento
Jovens apaixonavam-se por navalhas
E famílias desapareciam no
horizonte
Enquanto um rapaz tocava acordeom
Em um beco sujo e escuro
As notas musicais surgiam como
ladras de memórias
As dores e náuseas que se
escondiam
Na escuridão dos pensamentos
Fugiam para as profundezas do
Guaíba
E os sonhos inimagináveis de todos
os solitários
Ocupavam o lugar dos pesadelos que
atormentavam crianças
E a chanson que saía do acordeom
Roubava o lugar dos zumbidos dos
insetos
E acompanhava o zunido do vento
Até findar na Free-way