Penélope
deixou suas digitais em todos os meus livros; e, nas cordas do meu violão,
ainda sinto o suor dos seus dedos. Consequência: já não posso ler nem música
fazer.
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
Frasco nº 4
Carlo fumava
um cigarro atrás do outro. Eu o observava incessantemente. Carlo roubava o meu
tempo como o cigarro acabava com o dele.
Frasco nº 2
Para
acalmar esta excitação? Para organizar esta confusão? Eu pensei que a poesia
fosse para isso. Porém, a cada verso, sinto-me mais submerso neste universo
disperso. Não há solução.
domingo, 18 de agosto de 2013
Frasco nº 1
Neste
pranteado alvorecer, que aparece além da janela, a aurora arde no espaço. Eu
preparo um café. Você dorme em outra cama. Penso: doutor, já não sei como escrever.
Ato de extravagância ou desvario da mocidade
Toda
vez que escuto a 9ª Sinfonia, eu encarno o Alex DeLarge e, assim, cometo
diversas violências.
sábado, 17 de agosto de 2013
Conjectura
Você deve
estar sentada
naquela
cadeira desconfortável,
que fica
na sua pequena biblioteca,
lendo
algum dos seus livros
e tomando
um chá de maçã com canela
– que é o
seu preferido –
naquela
xícara de porcelana
que
compramos em Buenos Aires.
sábado, 10 de agosto de 2013
poema de um cara do pós-punk
eu estava
sentado em um canto qualquer do pub do bob bill
enquanto guerreava
com o meu eu ao escrever um poema sentimental
a uma bela
moça que conheci na casa do ringo em um domingo chuvoso
a poesia
estava saindo aos poucos e dizia algo muito superficial
sobre uma
neurose obsessiva que atacara um poeta leproso
que morria
de amores por uma rapariga inventiva e sagaz
a musa do
poema era a amiga do ringo
e eu
obviamente era o poeta lazarento
a poesia
ficou uma porcaria e assim
eu
permaneci em um desalento
sem cura
nem fim
esqueci de
ir ao ensaio da minha banda de pós-punk
e pedi uma
cerveja quente misturada com aguardente
reclamei
em caneta e papel:
a moça era
ardilosa
e me
prendeu nos jogos
que sempre
jogava
era uma
guria dessemelhante
sua
personagem era rutilante
e eu que
sempre andei ébrio
embriaguei-me
por este amor
eu a vi
desaparecer em uma esquina
assim como
outros já fizeram
foi mais difícil
do que largar cocaína
ela não possuía
manias e costumes
era uma
moça que gostava de viajar
e então
viajou de coração em coração
ela não tinha
vícios nem hábitos
fumava e
bebia quando queria
e eu penso
que
se nem em
cigarro ela viciou
por que em pessoas viciaria?
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