Havia
resquícios de sentimentos dentro de seus livros. Havia resíduos de amores no
interior de sua gaveta de meias. Sobejavam partículas de macróbias confusões
sentimentais pelos corredores de sua casa. Ao lado de cinco pequenos vasos de
margaridas, que estavam sobrepostos em uma estante de madeira de carvalho,
existia um antigo espelho oval, no qual podia se ver refletida em uma remota imagem cândida. Silenciosamente
lívida abriu suas portas para que seu Anjo-amor adentrasse musicalmente. Ele entrou
em seu lar e caminhou sem pressa pelos cômodos, apagando os fragmentos de
velhas consternações ignóbeis. De modo inefável, sem prescrições galênicas, ele
preparou um chá de canela para que ambos pudessem absorver as doçuras do fado. Após
navegarem pela magia líquida do chá, trocaram pacíficas palavras de devoção e
recolheram-se à alcova. Durante o sono, sonharam juntos e acordaram para
dentro. Reconheceram-se no interior de cada um. Nunca mais deixaram de sonhar.
Laís! Teus textos sempre incríveis. Admiro teu dom para a escrita. Beijos e sucesso!
ResponderExcluirObrigada pelas palavras e pelo carinho, Cassiana. Abraços.
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