sexta-feira, 28 de maio de 2010

Coadjuvante

Você tem todos os defeitos possíveis, comete as maiores gafes e usa meias para dormir; você fala comigo uma única vez na semana. Não concordamos em nada e não temos os mesmos amigos, mas você é capaz de causar os mais variados sentimentos em mim; eu amo você, eu odeio o seu jeito, eu amo os seus olhos, admiro o seu temperamento, confundo suas manías e aceito o seu modo de viver. Eu sonhava acordada quando estava ao seu lado e ainda penso em você antes de dormir, formávamos um belo casal, mas ficamos juntos por um pequeno tempo. O seu beijo foi como uma droga ilícita, os seus braços me fizeram querer abraçá-lo. Quanta raiva já senti de você, principalmente das vezes em que você me ignorou, quantas lágrimas derramei e você nunca soube . O destino o trouxe até mim e me fez coadjuvante na sua história, quis ser a protagonista, ser a sua mocinha, talvez, pelos olhos da sua namorada, eu tenha sido a antagonista, mas eu não trapaceei, não armei barracos, não fui à luta, então não me considero vilã. Eu quis que você escolhesse, eu esperei e talvez ainda espere. Não, seria lastimável dizer que ainda o espero. O meu plano, naquela época, era de ficarmos juntos para sempre, creio eu que o seu fosse outro. O destino que o pôs em minha vida de uma forma tão rápida, o tirou com uma velocidade ainda maior. Você está longe, já não sei mais o que o agrada, o que o faz feliz, não sei da sua rotina e não quero saber se existem outras, de outra já basta eu. Das coisas que me recordo, lembro muito bem do seu humor, um menino engraçado, assim, nunca mais irei encontrar, ainda posso vê-lo vestido com aquela calça larga, uma touca e os tênis... O tempo deixou saudades, lembranças e o mesmo afeto.

Um comentário:

  1. Quem define os atores de uma peça? Certamente o autor. Mas quem define os personagens da existência? Certamente a própria vida. As coisas não são boas nem más. São apenas indiferentes. Isso é o doído, o trágico e o mágico de viver. Recomendo a leitura de Camus, Laís. Gostei do sentimento do texto. Um abraço, Eduardo.

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