segunda-feira, 2 de março de 2015

Minha alma erótica deitou-se sobre um lençol cândido

Eu tenho a alma erótica – como quis Adélia Prado –, e
possuo lembranças exaustas escoadas em leitos carnais,
e assinaladas em cenas de filmes, em trechos de livros,
em refrãos de músicas, entre budistas, xamanistas, faraós
e católicos fervorosos, vindos da Toscana, todos seres
humanos joeirados erroneamente por uma libido fundada
nas edições de Pauvert. Eu sou características do feminino
e orgulho do ovário no orvalho dos rugidos machistas,
esforçando-me ao lado de Simone de Beauvoir, Anaïs Nin,
Zitkala-Sa, Frida Kahlo e de outras aguerridas irmãs.
Sou o beijo dos amantes de René Magritte, sufocada pelo
lençol do romance passado, asfixiada pela negação do amor,
surrada pelo desejo casto, torturada pelo sentimento puro,
explorando os fulgores de minha eterna alma erótica, mas
revisitando pensamentos nostálgicos que me guiam ao
habitante uno de meu músculo cardíaco: eterno pudico.
Aquele que desconhece Eros e que se encontra em Ártemis
é quem intriga meu espírito lascivo, conservando meu estro
poético, que, em trinta anos, ainda poderá poetar sobre Ele
e sua candura. E isso será lacrimogêneo, pois terá sua perene
doçura e minha alma erótica dissimulando o amor. E haverá
novos cristãos da Toscana. Alguns com longos cabelos claros.
E restará o beijo dos amantes de Magritte. E o lençol dos
amantes de Magritte. E o lençol (limpo) do romance (casto)
do passado (sujo) de uma sempi(terna) alma erótica.

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