domingo, 26 de julho de 2015

paredes beges

quando desatava os teus nós de solidão
e te amarrava nos meus olhos de tristeza
você não me dizia tudo o que sentia
quando te encontrava empinando
mil pandorgas com os pequenos
o vento carregava meu aceno até você
que não me compreendia
hoje ainda canto que te faria um tapete
branco de crochê e te leria hilda nua
mesmo que não me pedisse
eu te mostraria o vermelho dessa vida
mas sem teus jornais no fundo do baú
sem tuas roupas no meu guarda-roupa
só me resta uma varanda vazia
mais uma vida sozinha
paredes beges pintam a cena
no tempo dos ponteiros do relógio
e numa cadeira de madeira e de palha
meus velhos livros adormecidos
ficam os meus discos colados
no pó e pendurados numa parede
só até me sinto bem melhor
do que quando me vi numa falsa
tela de tevê sentada sobre uma mesa
sob um lustre amarelo condenado
algumas pessoas bitoladas jantavam
enquanto eu te escrevia do meu jeito
porque não te percebi de outro jeito


*música

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