Ao
caminhar sobre velhas calçadas de lajota de uma florida rua do meu bairro, sem
me preocupar com os vizinhos que retornam cansados do trabalho e com as
crianças que brincam sob árvores, voo até o meu lugar mais bonito e me encontro
entre pessoas azuis. Com roxos chapéus de magos, solitários arqueiros pedem-me
poemas de amor sobre uma terra distante. Declamo sem pestanejar. O azul se
torna mais anil. Seus arcos se transformam em violinos que acompanham algum
canto élfico. Sou assim desde pequena: prefiro andar pelo teto e desbravar
outros planetas a me prender a toda essa normalidade nauseabunda. Nas rodas de ciranda,
eu era a menina que se dizia viking. Na roda de amigos, eu era a jovem que se
intitulava Joana d’Arc. Na roda da vida, eu rodo ao contrário. Talvez por isso
tenho de dormir sob um apanhador de sonhos. Quem sabe o motivo de minhas buscas
esteja aí: nas quimeras. Para mim, o propósito sempre foi experimentar. Budismo.
Xamanismo. Anarquismo. Comunismo. Faltam ismos neste mundo. Voo até encontrar.
Muito bom.
ResponderExcluir