enquanto crianças
corriam pelo gueto de varsóvia
mortas de medo do
tempo e sem ar nos pulmões
viu-se uma carta
de luz narrar a vida acrônica de
uma jovem que subsiste
em um futuro violeta
ouvindo canções
perdidas de mãeana a radiohead
umedecendo seus
olhos mpb e seus lábios rock’n’roll
ama páginas
marcadas costuradas no corpo celeste
e conta os
astros que revelam segredos do cosmos
dizem que noutra
época a moça se perdeu com
deuses do monte
olimpo e por isso acabou presa
num tempo
inundado de pessoas sem quimeras
e teve de se
contentar com estórias em tela plana
há relatos de
que ela foi a primeira a furtar livros
da biblioteca
cardíaca do último condado fantasma
da primeira nação
oxidada do universo luminoso
deixando sem
peso as estantes de árvores mortas
sabe-se por aí
que ela corre e tenta alcançar o real
mas um vento de
cores frias não a deixa sair de seu
intelecto
utópico e assim sua voz continua soando
como clair de
lune para as audições mais raras
ela revive seus
dias de outrora e se percebe entre
flores mitológicas
numa terra cintilante em que
há o celestial
nos sentimentos e o sexo tântrico
é comum entre os
amantes e seus corpos poéticos
enquanto os
pequeninos de varsóvia se perdiam
pelo gueto e
dormiam pensando em suas mães
a carta de luz
ensinou a eles a capacidade humana
de sonhar e de desejar a vida numa vida melhor
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