sábado, 2 de janeiro de 2016

vida violeta: ela acrônica

enquanto crianças corriam pelo gueto de varsóvia
mortas de medo do tempo e sem ar nos pulmões
viu-se uma carta de luz narrar a vida acrônica de
uma jovem que subsiste em um futuro violeta

ouvindo canções perdidas de mãeana a radiohead
umedecendo seus olhos mpb e seus lábios rock’n’roll
ama páginas marcadas costuradas no corpo celeste
e conta os astros que revelam segredos do cosmos

dizem que noutra época a moça se perdeu com
deuses do monte olimpo e por isso acabou presa
num tempo inundado de pessoas sem quimeras
e teve de se contentar com estórias em tela plana
                                                                                    
há relatos de que ela foi a primeira a furtar livros
da biblioteca cardíaca do último condado fantasma
da primeira nação oxidada do universo luminoso
deixando sem peso as estantes de árvores mortas

sabe-se por aí que ela corre e tenta alcançar o real
mas um vento de cores frias não a deixa sair de seu
intelecto utópico e assim sua voz continua soando
como clair de lune para as audições mais raras

ela revive seus dias de outrora e se percebe entre
flores mitológicas numa terra cintilante em que
há o celestial nos sentimentos e o sexo tântrico
é comum entre os amantes e seus corpos poéticos

enquanto os pequeninos de varsóvia se perdiam
pelo gueto e dormiam pensando em suas mães
a carta de luz ensinou a eles a capacidade humana
de sonhar e de desejar a vida numa vida melhor

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