quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Poema ao mar I: caixinha de música

o silêncio criado se vai
pelo vão da porta
entreaberta
o som da caixinha de música
se esvai pela vidraça quebrada
coberta
por uma cortina de flores
margaridas brotaram do lado
de fora da velha cabana
não há sonoridade nos cômodos
não há silêncio nos aposentos
estranho silente sonoro
desmonta quarto e cozinha
vazia se nota a mesa
o assoalho apaga marcas
de botinas sujas de terra
os homens se foram
foram ao mar vender
seus dias restantes
seus restos de homens
sobre eles não se fala
nessa família de mulheres
fêmeas pariram sozinhas
meninas cresceram sem sonhos
de serem mulheres
de famílias
de homens
do mar
marinheiros se vão
ao porto embarcam
não retornam às margaridas
de suas cabanas antigas
onde estranhos silentes sonoros
desmontam caixinhas de música
das meninas sem sonhos

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