sábado, 6 de abril de 2019

na cidade

à noite o céu é mais bonito no campo
inventam-se estórias sobre cometas
e crenças antigas dos pais dos avós
acompanham o vento que apaga o fogo
no chão as veredas perenes são firmes
distantes estão as metrópoles e seus guetos
e dentro o desejo de sair em silêncio
árduo êxodo de lembranças bucólicas
o campo carrega muitos segredos
em contrapartida no céu da capital
há menos pingentes e vaga-lumes
as luzes acendem sozinhas à noite
na esquina da rua e inertes na sala
vidraças trincadas prendem o ar
sufocadas como se doentes fossem
nas janelas dos prédios de hospitais
denominem independência moderna
individualista ou qualquer terminologia
solta em um artigo de revista digital
o tempo é honesto de certo modo
parados estavam os dois quando
perderam o medo do movimento
como quem se perde na cidade
perderam-se imóveis do lado
oposto de cada calçada deserta
uma rua referta de carros blindados
inquieta paisagem contemporânea
a cidade ajuda a guardar os segredos

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Muito Bom...Lais.
    O céu, à noite, das cidades é um de negro amarelado, estrelas não há...

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