sábado, 23 de fevereiro de 2013

Não-soneto de dois amores

Conquistei o seu amor e a sua libido;
explorei a sua pele e os seus cabelos;
roubei a sua alegria, a sua cama
e os lençóis; comprei os seus risos
e as suas lágrimas, mas sem trapacear,
apenas com o engodo dócil do prazer.


Não me dei por inteiro,
não fui ao funeral do seu avô,
não comprei flores nem bombons,
mas compareci na sua apresentação de balé.
Escrevi alguns poemas eróticos
e os consagrei a você.


Você foi o meu melhor sorriso,
o meu melhor gracejo e também
o meu melhor beijo.
Foi uma manhã de inverno
com uma xícara cheia de chá
e foi uma noite de julho
com uma taça de vinho tinto.


Eu fui o seu melhor cicerone,
o seu melhor domingo à tarde
e também a sua melhor melodia.
Fui júbilos e melancolias,
fiz cantilenas e a tranquei
na torre mais alta da minha ternura.


Você me amou do seu jeito,
sem medo, sem segredos,
eu amei os seus olhos que,
por baixo das lentes do seu óculos,
imploravam, desesperadamente, amor;
eu amei a sua pele pálida e a sua voz grave,
também amei o seu sorriso tímido
e tudo o que você causava em mim.


Você amou, mas não foi o suficiente;
eu amei, mas não amei o bastante.

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