Vejo-me melhor
em poemas do que
em fotografias
alegres de domingos
falsos quando
palavras fáceis soam
como a magia da
flauta de Mársias.
Talvez sejam as
lentes frágeis destes
velhos óculos
quadrados que já não
servem para demonstrar
minha face
mas apenas meus
dizeres em versos.
Observo-te
solitária e ofuscada pelo
tempo de
parasselênio da saudade
azul daquele
antigo amado bardo
que te escreveu
em uma folha em
branco e que te
queimou com uma
vela branca sem
guardar tuas cinzas
em um pote ou
jogá-las em um lago.
Reescrevo-me
todas as noites antes
de me recolher
aos meus aposentos
e costuro este
coração com pedaços
de nomes de
gente ou com linhas de
estrofes mudas
de uma poesia escrita
por Rimbaud
antes de sua partida.
Recordo-te
pequena sobre a cama
sem ter o que
falar nem o que ouvir
e lembro-me que
compartir o silêncio
é o método mais
sincero de se declarar
o amor
conservado entre duas pessoas.
Beijo-te sem
movimentar meus olhos
melancólicos
como naquela tarde fria
de junho quando
dormi no teu sofá duro
somente para te
acompanhar ao teatro.
Estaremos
dormindo quando ocorrer
o fim do Cosmos
e apenas teremos
nossos membros
por dentro da gente.
Morreremos em
todas as frases escritas
e em todas as
fotos guardadas em álbuns.
Seremos poeiras
restantes do nosso universo.
Seremos poeiras restantes do nosso universo.
ResponderExcluirPoema porrada! Que força a sua poesia tem!
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