Deslizo os pés sobre a grama
coberta de geada,
enquanto um sistema
filosófico torna-se uma ideia fixa
e percebo a representação
mental que surge no frontispício
de um resumo problemático e
pessoal;
Bruxas são consumidas pelo
fogo do preconceito
e suas mãos, tisnadas,
carimbam a face dos obnubilados
que vomitam resina no solo.
Procurando a esperança que
se perdeu no fundo da Caixa de Pandora
e bebendo o último gole de
vinho, você, com esse jeito de gato molhado,
acompanha-me como uma
criança judia – no Holocausto – que se perde em dilemas suicidas.
Digo-lhe: “We can live like Jack and Sally” –
porém, com a ilusão que se abre,
corre ao próximo bandido e rasga-se
em lágrimas de vodca.
Volta cambaleando pelas
esquinas e implorando amparo.
Filosofamos com bafo de
cevada fermentada e olhos vermelhos,
que fantasiam as fronteiras
que nos atiçam ao impossível,
sonhando com uma roadtrip invejável, assoviando alguma música
do Dean Martin ou do Ricky
Nelson, percebo a vibe que nos cerca,
como se fossemos a mesma
partícula.
Peço-lhe: “Light my fire” –
e, sem hesitar, tira o isqueiro do bolso.
Somos diversos heterônimos com
o mesmo cerne,
Gregório e Luísa, entre as
vibrações do cosmo, unem-se à imortalidade,
brincando com o passado e o futuro.
James Dean e Marilyn Monroe
são faíscas de duas personalidades
que não se conformam com uma
violência gratuita de desejos
incontroláveis que assombram
o seio materno.
Freud e o supereu fodendo a
realidade dos fatos!
Não sejamos fragmentados –
você pode ouvir-me.
Você não vê? Eu sou a sua
melhor amiga
e, para mim, o seu sorriso
tímido e o seu cabelo enroladinho
são sinônimos de
venustidade;
As notas musicais invadem o
nosso recinto e nos algemam em sentimentos de afeição.
Eros era o deus grego do
amor e, também, filho de Caos;
Eu amo você.
Perfeito! Amei.
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